Estava olhando para o sapato desamarrado, pensando em nada demais. O táxi que passava depressa espirrou água da poça em suas calças e só então percebeu que chovia. Escondeu-se debaixo da marquise e continuou a olhar para os pés.
Seu ônibus não passava ali, não esperava ninguém, não tinha nenhum compromisso na região. Estava apenas na frente de um prédio meio abandonado no centro da cidade. Observava os cadarços e pensava em nada demais.
Voltou para casa, começou a pizza fria com um copo de Coca sem gás. Não ligou a tv e nem leu um livro. Tampouco dormiu cedo ou telefonou para alguém. Jogou os sapatos em um canto da sala e, em seguida, como que arrependido, correu até eles. Desamarrou o outro par e voltou para o sofá, pensando em nada demais.
Historieta-bônus
Quando eu era bem pequeno e meus pais estavam no Japão, fiquei no Arrozal com meus avós. Não tinha ainda 3 anos e um dia escapuli para me meter no meio de uma boiada que passava pela frente do sítio. Meu avô (e xará) saiu correndo para me buscar e é isso que me lembro dele. Isso e o fato de me levar para passear na “cacunda” pelas ruas do lugarejo.
Pois esses dias estou aqui, no meio da boiada, e nada do meu avô me tirar. Que falta eu sinto de ser menino.
Direto na têmpora: Nothing Compares to You - Sinead O’Connor
11 comentários:
Lembre-se, meu filho, na ausencia do seu avô, o seu pai está aí para tirar-lo di meio de qualquer boiada
Você sabe disso, não é mesmo ?
Outra coisa: parabéns pelo número de visitas no pastelzinho ( mais de 6.000 )
Claro que sei, pai, é só que a história da boiada é bacana mesmo risos. No mais, 6000 visitas, bom demais.
O problema é que quanto mais o tempo passa, a boiada aumenta, aumenta......a sensação que tenho é que o mundo vai terminar em boi.
E como você sabe, Rafinha, quanto mais bois, mais estrume.
É isso aí. Amarrar o cadarço e dar a volta por cima. Do boi, claro.
A gente passa momentos assim. Mas, ainda bem que passa.
Desejo mais 500 postagens de sucesso...
hahaha gostei do link entre as duas histórias, Oliva.
Boi mesmo é bom é no carvão e com uma gelada.
É verdade, Rafinha, o filósofo de Machachuzets.
Machachuzets...
Sim, definitivamente, Massassutses
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