terça-feira, agosto 21, 2007

Estudos Avançados da Fauna Publicitária

Tem gente que acha que atendimento é tudo igual: bobagem. Existem dezenas de tipos diferentes catalogados pelo CEBRACOM – Centro de Estudos dos Braços Compridos e a cada dia surge uma nova e atemorizante variedade. Como não sou expert no tema e tenho apenas uma curiosidade mórbida pela espécie, citarei apenas cinco dos modelos mais comuns encontrados na nossa vida selvagem.

Os Criativos – Sugerem títulos, mudam layouts por conta própria, chegam a dar sugestões de roteiro diretamente para o cliente durante as apresentações. Profissionais pró-ativos, nunca deixam a falta de talento ou de ridículo atrapalhar sua sanha criativa.

Os Múcios – havia um personagem do Jô Soares (sim, o Jô já foi humorista, meus leitores petizes) chamado Múcio que concordava sempre com seus interlocutores. Se um era a favor da pena de morte ele prontamente concordava. Assim que o outro mostrava opinião contrária ele imediatamente virava casaca com seu indefectível “por outro lado” prognata. Pois bem, os Múcios vivem assim, concordando despudoradamente com criação e com o cliente ao mesmo tempo, não importando o quanto eles tenham visões opostas. Costumam ter carreiras longas e odiosas.

Os Polianas – A campanha acaba de ser reduzida a pó, o prazo é de poucas horas, o pedido entra apenas na sexta-feira às 19h, pouco importa, para os Polianas tudo tem seu lado bom. “Geeenteee, o cliente amoooooouuuuuu a campanha. O texto está bombado, o layout ele não gostou, o roteiro vai ter que ser refeito, mas o jeito que o endereço entrou nas peças ele amou.” São os causadores (e vítimas) mais comuns de homicídios em agências de propaganda.

Os Pôncios Pilatos – Jogam a campanha na mesa do cliente e lavam as mãos. Quase sempre levam Jesus Cristo, mas só voltam com Barrabás aprovado.

Os Prolixos – Sabe aqueles pedidos de trabalho com 7 laudas para solicitar uma faixa de rua? Essa é uma das maneiras mais fáceis de reconhecer um Prolixo. Na apresentação com o cliente, desfia um rosário de termos marketescos, espalha palavras de impacto, insere alguns jargões e voilá, perde 40 minutos da reunião para porra nenhuma. É um mestre em produzir bocejos e pode chegar a triplicar a quantidade de café consumida em uma reunião. Normalmente é demitido ainda no meio de algum discurso.

Como eu disse, existem também outros exemplares, como os Competentes, os Envolvidos, os Racionais. Trabalhei com muitos deles e são excelentes para conviver e produzir, mas dão pouquíssimo assunto para pastel.




Direto na têmpora: Africa - Toto

14 comentários:

Anônimo disse...

Excelente análise da citada fauna ... mas, a triste realidade é que, no meu caso, ao longo de quase 40 anos (sim quarenta) de janela conheci uns quatro contatos (quase que um por década) e uns 500 "boys de luxo", o famoso "sim senhor", Com o cliente, é claro!

redatozim disse...

É, a proporção com certeza não é 50 / 50.

Rubens disse...

Conheço todos esses tipinhos. O que me faz lembrar da célebre tirinha do Angeli, os "Tipinhos Inúteis", lembra? O layout do publicitário com paletó de ombreira e gravata moderninha com losangos era impagável.

Oliva, adorei lembrar que essa turma era conhecida por Contato.

redatozim disse...

Aquele ERA o publicitário dos anos 80. O corte de cabelo então era sensacional. E eu ainda acho que Contato é um nome mais respeitoso, adequado e digno do que atendimento, sabia? Atendimento atende, faz o que pedem, contato faz a ligação, conecta. Enfim, devaneios inúteis.

Jonga Olivieri disse...

Esclarecendo: realmente "contato" é o nome da função ("account" no original sem dublagem).
Agora é aquilo que eu havia dito anteriormente. CONTATO, a gente conhece pouquíssimos. O resto é "boy de luxo", "leva-e-tráz", ou seja o nome que se queira dar ao gajo. Tipo alguns que a gente conheceu conjuntamente juntos em águas passadas, mas não tão remotas assim.

Renata Livramento disse...

HUm...e qual bichinho é vc?! rs...

redatozim disse...

Verdade, don Oliva, convivemos com criaturinhas bastante apopléticas durante algum tempo.

redatozim disse...

Rê, como não sou atendimento não me enquadro nesses perfis acima. Deus queira que, sendo de criação, não seja eu um pavão. Acho que sou mesmo é aquele bicho-carpinteiro, que não pára quieto em lugar nenhum, apesar de imaginar que diversas pessoas tenham uma opinião diferente.

Anônimo disse...

Perguntaram pro Múcio se a carne que eles estavam comendo era frango ou peixe. No que ele respondeu prontamente: esse frango é peixe.
Conheço muitos clientes "esse frango é peixe" também. Ou seria, "essa campanha institucional é promocional"?

redatozim disse...

Esse frango é peixe é ótimo. Não confundir com essa coca é fanta, que ganha contornos sociológicos e homofóbicos. Os Múcios são os camaleões do mercado, por isso se proliferam tanto, inclusive na diretoria das empresas.

Anônimo disse...

Podem até falar que estou tomando as dores da classe, a qual, aliás, estou abandonando, mas numa boa: nenhum dos publicitários de gravata moderninha de losango que conheci era do Atendimento...

redatozim disse...

Se for a Heleninha da Tom, tenho dois comentários:

1) Você tá abandonando a classe, Heleninha? Vai partir pra qual atividade?

2) Nos anos 80 você era um fetinho, minha petiz. Pode ter certeza que o que não faltava era Atendimento de gravatinha de losango, alguns inclusive ainda em atividade.

Anônimo disse...

Sim Maurilão. Vou pro planejamento. Sem gravatas de losango, espero!

redatozim disse...

Parabéns, Heleninha. Com ou sem gravatas de losango vai ser muito bacana para você.