Frio, cirúrgico, um dos maiores torturadores do Brasil durante a ditadura. Capaz de saber o momento exato de suspender o castigo para evitar o descanso indesejado do desmaio. Um gênio em seu ofício.
Com a volta da democracia, recebeu uma polpuda recompensa pelos serviços prestados (e para manter a boca fechada) e foi alocado em alguma repartição pública obscura.
Mirrado, mínimo, insignificante, era tratado com desdém pelos moradores que o chamavam apenas de “o velho do 803”. Mas à noite, sentado no vaso de sua cobertura, vingava-se de todos quando sabia seus excrementos escorrendo pelas veias do velho prédio e quase gritava: “Comunistazinhos filhos da puta. Cago na cabeça de todos vocês. Filhos da puta.”
Direto na têmpora: The day I tried to live - Soundgarden
4 comentários:
Cara, com frequência ouço o barulho "das veias do velho prédio" em que moro. É uma sensação estranha saber a hora em que cada morador passa um fax. E como o prédio tem mais de 30 anos, "velhos do 803" são o que não faltam no Condomínio Príncipe Apolo. Uns rabujentos, encrenquinhas, e outros bem sorumbáticos. Essa série de textos faz a gente imaginar as histórias de cada um deles. Como diria a Silvinha, siniiiistro!
Rubéola, passa a ficha das figuras porque eu ando precisando de inspiração pra mais apartamentos. Quanto às veias do prédio, eu que morro no térreo também sofro com as ditas.
Eu sei do que você está falando. Moro no 2º andar e tudo que é vazamento estoura lá em casa!! rsrsr
Triste!!!!
Agora imagine que eu saí de lua-de-mel com o quarto de casal se alagando, Cejunior. Como é que desliga do assunto e curte? A gente conseguiu, mas foi fogo, viu?
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