Tico ouviu um estrondo e imediatamente ficou alerta. Era
novo naquela região e de onde vinha, uma fazenda tranquila no interior do
Estado, esse tipo de barulho não era comum.
Tico havia chegado a Belo Horizonte coisa de dois dias atrás
e ainda se acostumava com os sons, as cores e os movimentos da cidade. Saiu de
casa praticamente uma única vez para uma consulta de rotina e de resto ficava
por ali, meio sem ter o que fazer no apartamento.
Poucos segundos depois, um novo estrondo. E mais outro. Uma
sucessão de explosões fez com que Tico corresse em busca de abrigo temendo o
pior. O que seria aquilo?
Circulou o apartamento pequeno, mas apenas confirmou o que
já sabia: estava sozinho. Tadeu havia saído mais cedo e deixado que ele
enfrentasse aquela loucura sem um único conselho ou dica sobre como agir.
O barulho não parava. Às vezes cedia e parecia que ia sumir
apenas para voltar com mais violência ainda.
Tico se encolhia e apavorava cada vez mais. Por onde andaria
Tadeu? Será que corria mais risco do que ele diante daquela balbúrdia?
Os minutos passaram como se fossem horas e Tico ali,
começando a madrugada sem pregar os olhos ouviu o barulho da porta. Ficou
indeciso entre correr para saber de Tadeu o que havia acontecido ou manter-se
seguro e encolhido em sua cama.
Ao ouvir a voz de Tadeu sentiu-se mais confiante e correu ao
seu encontro. O rapaz estava suado, agitado, cumprimentou Tico praticamente sem
olhar e seguiu para o quarto dando socos no ar, saltando, agindo como Tico
nunca tinha visto e como não conseguia compreender.
O barulho continuava e Tico aproveitou um momento de calma
em que Tadeu sentou-se na sala para subir em seu colo.
Só então o rapaz percebeu como seu cão devia estar realmente
assustado com aquela confusão toda.
- Ô, Tico, que susto, hein, garoto? Foi o Galo, Tico! É
campeão, pretinho! A gente é campeão, pô!
Direto na têmpora: I need fun in my life - The Drums
2 comentários:
Estava inspirado, heim?!
O Galo inspirou, Rebecca.
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