Um fazendeiro morava em um sitiozinho com seus três filhos. Era uma família pobre, mas muito feliz e que vivia em um lugar cheio de árvores, com muitas frutas e um riachinho de água fresca que corria ali perto.
Um dia, o fazendeiro descobriu que tinha acertado os números da MegaSena. Era dinheiro demais e todos eles ficaram muito felizes, já pensando nas coisas boas que iriam conseguir.
A primeira coisa que o fazendeiro fez foi ir para a capital e comprar um apartamento bem grande, em um prédio bem alto, no meio de uma cidade enorme. Era um lugar cheio de luxo e conforto, e o fazendeiro levou os filhos pra lá rapidinho.
Só que o tempo foi passando e as crianças não estavam nada felizes. Sentiam falta da rocinha deles e só foram sorrir mesmo quando a avó deles apareceu no apartamento para visitar.
A avó então começou a reparar nos meninos na hora das brincadeiras:
- Esses meninos estão sempre assustados, parecem passarinhos...
Na hora do almoço:
- Esses meninos comem pouco, parecem passarinhos...
Na hora do sono:
- Esses meninos têm o sono leve, parecem passarinhos...
Depois que ela foi embora, as crianças ficaram ainda mais quietas e passavam horas olhando pela janela.
Um dia, o pai estava assistindo alguma coisa em sua supertelevisão de plasma quando de repente um dos meninos se jogou pela janela. Depois dele, veio o outro e também saltou. Antes que o pai pudesse se recuperar do susto, o terceiro fez o mesmo e também se foi.
O pai correu pela janela desesperado. Olhou para o chão, mas não viu nada. Olhou para o céu e percebeu três passarinhos coloridos voando sobre o céu cinza daquela cidade enorme.
Alguns dias depois, cheio de tristeza e de culpa, o pai vendeu o apartamento e voltou para o seu velho sítio. Chegando lá, reparou em três passarinhos coloridos. Um que bebia água no riachinho, outro que bicava uma goiaba em uma das árvores e outro que pousou no ombro dele e começou a cantar, cantar, cantar.
O pai nunca mais saiu do sítio e foi muito feliz com toda aquela beleza à sua volta e com os três passarinhos que viviam livres, felizes e que estavam sempre ao seu lado.
Direto na têmpora: Psychogirl - Jens Lenkman
2 comentários:
Muito lindo. Parabéns e continue escrevendo coisas assim para as nossas crianças.
Obrigado, anônimo, vamos tentando.
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