As universidades sempre foram centros de produção de conhecimento. Ali as inovações eram desenvolvidas, debatidas, analisadas e redistribuídas para novos alunos prontos para assimiliar o conteúdo e dar o próximo passo.
Algo mudou. Em algumas áreas mais do que em outras, o conhecimento se reparte, agrega e distribui com mais eficiência fora do ambiente universitário do que na própria instituição.
O saber ficou mais fluido e passou a circular de maneira mais informal e - alerta de clichê - colaborativa.
No caso da comunicação isso é ainda mais flagrante. O ambiente universitário médio, por onde passam grande parte dos novos profissionais, muitas vezes tem que se contentar com estudar o ontem e o anteontem por culpa da velocidade da informação e da inovação constante.
Conseguir professores que se mantenham atualizados e atentos ao que ocorre no instante preciso, tendo o pulso da evolução dos meios e das mudanças que isso causa é um exercício extremamente complexo em um ambiente de competitividade cada vez maior e com salários ainda mais achatados como ocorre no segmento de ensino superior.
Não é que seja preciso abolir o currículo tradicional, mas acredito que seria o caso de encontrarmos novos formatos para uma formação verdadeiramente útil e que não se traduza apenas em um diploma que, na prática, não é sequer exigido.
Talvez pensar em cursos mais modulares partindo de uma base fixa, talvez criar uma rede de instituições de ensino que se complementassem na formação de um curso quase personalizado.
Realmente não tenho a resposta definitiva, mas acho que em um momento em que não nos cansamos de discutir os rumos da publicidade, os novos formatos de relações entre empresas e consumidores e mesmo entre pessoas e pessoas, é fundamental questionar também a formação dos novos profissionais e os processos através dos quais ela ocorre.
Não falo aqui apenas de máquinas ou de ensino à distância, mas de uma discussão fundamental sobre o tradicional ambiente universitário. Se o profissional de 1990 precisou evoluir e se reinventar para existir no mundo de hoje, por que o mesmo não aconteceria com o formato do ensino superior?
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6 comentários:
Muito bom, Maurilo. Disse tudo.
Valeu, Humberto.
Ou talvez, investir em centros de excelência. ;-)
Sei não, Leo, centros de excelência não me parecem viáveis para a grande massa de universitários que produzimos hoje. Eles continuam sendo importantes e continuam representando uma parcela pequena da população, mas a democratização do conhecimento como acontece hoje pede soluções mais criativas e menos ortodoxas, na minha opinião.
Bem, menos viável é acreditar que o ensino superior vai ficar melhor com o tempo no Brasil ;-) dado o histórico recente.
Para a grande massa, o que deveria haver é um mercado mais seleto, mais exigente, e não um mercado de empresários que vendem commodities e que por isso empregam a mão de obra mais barata.
Só que prá isso, vc teria que ter um governo investindo sério em inovação, que no fim das contas é quem paga o risco alto do P&D e que conseguisse se eleger com essa plataforma. Não vai ser nosso caso no curto prazo.
Acho centros de excelência mais realistas, embora seja mais triste de se pensar tb.
Discordo completamente, Leo. Achei meio excludente seu raciocínio, mas enfim, a vida é feita de opiniões diferentes.
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