sexta-feira, maio 07, 2010

Pensando alto

Pessoas tem que fazer concessões. É parte das relações sociais, é intrínseco aos membros de qualquer espécie que opta por viver em comunidade.

Daí surgem as tentativas de delimitar os espaços de cada um, de hierarquizar prioridades entre interesses públicos e pessoais, de encontrar um equilíbrio praticamente impossível quando personalidades diferentes interagem por proximidade.

Nesse cenário os conflitos, assim como as concessões, são inevitáveis. Conflito não significa a impossibilidade e muito menos a obrigação de concordância. O debate é saudável, a diferença é desejável.

Por isso, desconfie de quem não assume posições, questione quem prega vontades homogêneas, duvide de quem almoça com a Máfia Azul e janta com a Galoucura. Esses que agem assim vão chegar longe, muito mais longe do que eu e você, mas tome cuidado com eles. O caminho para eles é apenas um trâmite e o que vale é a linha final. E quem ocorrer de estar também pelo caminho por onde eles passam é isso: trâmite, passageiro, detalhe na paisagem.

Eles são os que concedem tudo e que por isso tudo conseguem. Eu acredito que exista um limite para concessões e tenho certeza de que o seu é diferente do meu. Mas ele existe, ele precisa existir para que continuemos percebendo que o caminho também se leva em conta.

Porque como escreveu Jonathan Safran Foer em seu Eating Animals, "if nothing matters, there's nothing to save".




Direto na têmpora: Hard to beat - Hard Fi

12 comentários:

PC disse...

É a vantagem da gente ter virado velho resmungão.
A gente gosta mais do percurso que da reta final.

Cristiano d'Alcântara disse...

Jack, por incrível que pareça agora no almoço estava exatamente conversando isso com um amigo. Fenomenal seu texto. Pensativo. Conciso e acima de tudo verdadeiro.

Se você é um velho resmungão. Sejamos resmungões!

Mayesse disse...

Adorei!
Me lembrou aquela frase, que é mais ou menos assim: Por favor, Seja frio .. seja quente, mas nao seja morno senão eu vomito! kk

grande abraco

redatozim disse...

Às vezes a gente nem sabe onde fica a tal reta final,m PC.

redatozim disse...

Resmunguemos, Cris. E mais importante, façamos algo além de resmungar.

redatozim disse...

É bem por aí mesmo, Mayesse.

brunaladeira disse...

Adorei Maurilo!!! É sempre bom ler os seus textos...

redatozim disse...

Valeu, Bruninha, o pastelzinho tá sempre aí com essas bobagens procê ler, viu?

Guilherme Lemos disse...

Cara(s), não conheço nenhum de vcs pessoalmente, mas me identifico muito com o grupo, uns pelos resmungados, outros pelo jeito de pensar.

PC, não sou velho, mas resmungo.
Mayesse, frase perfeita para o que penso das pessoas.
Maurilo, eu resmungo enquanto faço, vale tb?

Mais um ótimo post.

Valeu.

Guilherme Lemos
espremendoalaranja.blogspot.com

redatozim disse...

Eu acho o melhor caminho tbem, Guilherme: resmungar e fazer.

Andre Diniz disse...

Quando Maurilo fala de concessão reflito e penso em abortar a minha concessão imediata e diária. Observo que não questionar está muito próximo de concessão, está também muito próximo de obsessão, de repetição, de anulação. Chego a indagar e chamar ao debate quando não questionamos matamos a coragem e “afinamos” para o mundo. Nesta onda de conceder tudo agrada sertanejo, rock, pagode, MPB. Tudo é bom dinheiro, cheque, cartão. Gostamos de tudo cachaça, cerveja, batida de limão, e na essência na raiz gostamos do que agrada os outros o que nos torna mais moderninhos e sociáveis. Morremos para a concessão e não salvamos nada.

redatozim disse...

Tacto Uno, concordo com você.