Pessoas tem que fazer concessões. É parte das relações sociais, é intrínseco aos membros de qualquer espécie que opta por viver em comunidade.
Daí surgem as tentativas de delimitar os espaços de cada um, de hierarquizar prioridades entre interesses públicos e pessoais, de encontrar um equilíbrio praticamente impossível quando personalidades diferentes interagem por proximidade.
Nesse cenário os conflitos, assim como as concessões, são inevitáveis. Conflito não significa a impossibilidade e muito menos a obrigação de concordância. O debate é saudável, a diferença é desejável.
Por isso, desconfie de quem não assume posições, questione quem prega vontades homogêneas, duvide de quem almoça com a Máfia Azul e janta com a Galoucura. Esses que agem assim vão chegar longe, muito mais longe do que eu e você, mas tome cuidado com eles. O caminho para eles é apenas um trâmite e o que vale é a linha final. E quem ocorrer de estar também pelo caminho por onde eles passam é isso: trâmite, passageiro, detalhe na paisagem.
Eles são os que concedem tudo e que por isso tudo conseguem. Eu acredito que exista um limite para concessões e tenho certeza de que o seu é diferente do meu. Mas ele existe, ele precisa existir para que continuemos percebendo que o caminho também se leva em conta.
Porque como escreveu Jonathan Safran Foer em seu Eating Animals, "if nothing matters, there's nothing to save".
Direto na têmpora: Hard to beat - Hard Fi
12 comentários:
É a vantagem da gente ter virado velho resmungão.
A gente gosta mais do percurso que da reta final.
Jack, por incrível que pareça agora no almoço estava exatamente conversando isso com um amigo. Fenomenal seu texto. Pensativo. Conciso e acima de tudo verdadeiro.
Se você é um velho resmungão. Sejamos resmungões!
Adorei!
Me lembrou aquela frase, que é mais ou menos assim: Por favor, Seja frio .. seja quente, mas nao seja morno senão eu vomito! kk
grande abraco
Às vezes a gente nem sabe onde fica a tal reta final,m PC.
Resmunguemos, Cris. E mais importante, façamos algo além de resmungar.
É bem por aí mesmo, Mayesse.
Adorei Maurilo!!! É sempre bom ler os seus textos...
Valeu, Bruninha, o pastelzinho tá sempre aí com essas bobagens procê ler, viu?
Cara(s), não conheço nenhum de vcs pessoalmente, mas me identifico muito com o grupo, uns pelos resmungados, outros pelo jeito de pensar.
PC, não sou velho, mas resmungo.
Mayesse, frase perfeita para o que penso das pessoas.
Maurilo, eu resmungo enquanto faço, vale tb?
Mais um ótimo post.
Valeu.
Guilherme Lemos
espremendoalaranja.blogspot.com
Eu acho o melhor caminho tbem, Guilherme: resmungar e fazer.
Quando Maurilo fala de concessão reflito e penso em abortar a minha concessão imediata e diária. Observo que não questionar está muito próximo de concessão, está também muito próximo de obsessão, de repetição, de anulação. Chego a indagar e chamar ao debate quando não questionamos matamos a coragem e “afinamos” para o mundo. Nesta onda de conceder tudo agrada sertanejo, rock, pagode, MPB. Tudo é bom dinheiro, cheque, cartão. Gostamos de tudo cachaça, cerveja, batida de limão, e na essência na raiz gostamos do que agrada os outros o que nos torna mais moderninhos e sociáveis. Morremos para a concessão e não salvamos nada.
Tacto Uno, concordo com você.
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