quinta-feira, setembro 17, 2009

Inovadorzinho

Poucas palavras são tão repetidas hoje quanto inovação. O "foco em inovação" de hoje é para mim apenas uma versão do "foco em resultados" de alguns dias atrás. Em 98,89% dos casos é discurso, apenas algo que se diz para que todos concordem, sintam-se bem e sigam fazendo as mesmas coisas com as mesmas velhas fórmulas.

Para ser inovador não basta fazer simplesmente o que não tem cara de velho. Não basta fazer algo diferente, legalzinho e que não se sustenta ou não se aplica. Isso é fazer novidade, não é fazer inovação.

A verdade é que nem sempre é preciso ser inovador ou genial. É perfeitamente normal e aceitável que uma empresa, pessoa, organização ou governo exerça suas funções com eficiência simplesmente executando muito bem o "feijão com arroz".

O que me incomoda na verdade é a adoção da postura inovadora sem a prática inovadora. Prefiro um Mauro Silva que se assume Mauro Silva a um Ronaldão que se anuncia Romário (Se você é novinho, pesquise sobre a Copa de 94. Se você quiser entender melhor a amplitude do vocábulo Mauro Silva, pergunte ao meu amigo Leo Oliveira).

Outra coisa que é preciso levar em conta é que não basta ser apaixonado por inovação para tornar-se inovador. É um ótimo começo, mas não funciona como causa e consequência. É como imaginar que basta ser apaixonado por livros para escrever como Camus.

De onde eu vejo, a inovação está ligada a três princípios básicos: compreender profundamente o problema; não se preocupar em como esse problema já foi solucionado por A, B ou C e entender que as objeções/problemas/críticas não devem ser ignorados e tampouco simplesmente obedecidos, mas sim analisados e resolvidos. Se uma solução inovadora depende de uma ferramenta que ainda não existe, invente-se a ferramenta.

Para finalizar o meu pitaco, ser inovador não é apenas pensar grande (é possível e altamente desejável ser inovador também nas pequenas questões), mas essencialmente pensar com a liberdade de quem não quer apenas resolver um problema, mas fazê-lo da melhor maneira possível.




Direto na têmpora: Tomato in the rain - Kaiser Chiefs

6 comentários:

Rubens disse...

Sábias palavras, my friend. Inovar é, sobretudo, correr riscos: risco de não ser compreendido, de ser criticado, de ser subestimado, de ser ridicularizado, de perder uma posição confortável, de não conseguir bancar o que vem depois, enfim, um mundaréu de riscos. Muito pouca gente está preparada e disposta a correr riscos. Não são todos os riscos que valem a pena ser corridos, mas correr muitos deles nos fariam um bem enorme.

Jonga Olivieri disse...

É puro modismo.
Cada momento tem seu "valor agregado" ou o "temos que atingir o target", ou ainda "o anúncio preisa de punch", "o aproach é..." e vai por aí afora.
A questão é fazer uma aposta para saber quanto tempo dura aquela "modinha".
Don Oliva

redatozim disse...

Isso é verdade, Rubéola. E o risco de inovar a gente só corre quando sai do discurso e cai na ação.

redatozim disse...

O modismo está no discurso, don Oliva, mas a inovação é sempre fundamental, concorda?

Jonga Olivieri disse...

É um outro aspecto. A palavra em si pelo seu significado.
Todavia eu me refiro à forma com que são tratadas essas mesmas palavras quando caem na mesmice dos termos em moda; que as pessoas falam sem nem saber o significado exato.
Don Oliva

redatozim disse...

é isso mesmo, Don Oliva, são casos em que o uso da palavra é mais importante do que a aplicação do seu significado.