Um dia papai vai morrer, filhinha, queira Deus que bem velhinho, queira a vida que bem feliz. Nesse dia, já não hei de querer mais nada, e se tudo correr como espero, você já não precisará de mim.
Não me pedirá colo, não me fará carinho nos cabelos, não ouvirá minhas histórias.
Nesse dia, você já será outra Sophia e não mais a minha Sophia. Estarei feliz, mesmo que não te diga, por saber que você será assim, somente sua.
No dia em que eu morrer, não levarei seus cachinhos, não beijarei suas mãozinhas e não te jogarei pro alto ou carregarei dormindo. Serei eu também só eu. Só meu.
Talvez você chore e vai estar tudo bem. Vai ficar tudo bem, minha filha, porque mesmo que minha vida termine assim e, acredite, saber disso me faz bem, a sua vai continuar.
E será linda, minha Sophia - sim, ainda e sempre minha Sophia - linda como seu pai nunca soube dizer.
Direto na têmpora: Let's Just Laugh – The Lemonheads
24 comentários:
Eu choro! e acho tão bonito!
Beijo
um dia o cara fala de dedada, no outro de morte... tá paranóico... o próximo post deve ser “sangue oculto”
Por causa de que este post tão triste, bonito, mas triste?
valeu, micho
amanhã escrevo sobre pôneis e arco-íris, zega, pode deixar.
sei não, Ilda, acho que nem motivo tem, foi só vontade de escrever mesmo.
É, a vida tem dessas coisas! E por vezes caímos em 'insights' um tanto quanto... assim.
Todavia, até na morte há poesia.
Don Oliva
obrigado, don Oliva
Putzzz.. tirou da minha boca!!
Próstata inchada seguida de saudade!
pronto, cabido, já tem foundphotos engraçadinhos pra vc e zega ficarem mais calmas.
Bonito, my friend, muito bonito. A morte faz isso mesmo: a gente ser só a gente. Tanto quem fica, quanto quem parte.
É, eu acho que tem isso mesmo, Rubéola. Valeu.
Muito bonito o que você escreveu. Emociona! No entanto, vamos falar da vida, vamos. Do amor, em vida; da curtição da filha, em vida. A morte é a única coisa certa, querendo ou não, ela vem, mais cedo ou mais tarde. Então, para que falar nela, mesmo falando bonito? Não, será sempre bom falar da vida e de tudo o que ela nos propõe no dia a dia, só ou em familia ou entre amigos, ou mesmo entre desafetos. A vida é para viver cada segundo, a morte, é algo que pode esperar
ai aiai...vc me fez chorar...que lindo...
Muito bonito Maurilo. Bonito e corajoso. Acho corajoso e necessário falar de morte. Quando a gente tem filho esse pensamento vem com mais frequencia do que gostaríamos e é preciso deixar que saia para a vida ficar mais leve. Quando você escreve, liberta um pouquinho...gostei muito.
A Sophia tem sorte. É bom e importante ter alguém que nos fale de forma sensível e sentada dessas coisas que são da vida mas que a gente nunca consegue entender como e porque acontecem na vida. Deus abençoe a Sophia, você,
a sua sensibilidade e amor por ela, Maurilo. E que por esse poema e por tudo o que há entre vocês, Ele possa deixar você e ela a vida inteira e mais um longo tempo juntos.
Muito bonito e emocionante, Maurilo. E é exatamente o mesmo sentimento que tenho em relação ao Miguel. Espero que as nossas histórias durem muito e tenham igualmente um final feliz. Só tem um problema. Por coincidência, na hora em que eu estava lendo estava ouvindo o Tema do Verão de 42 do Michel Legrand. Deixei tocar. Foi uma covardia comigo mesmo.
Zé.
ndms, o bom daqui é justamente falar do que se sente na hora, mesmo que seja da morte (por quê não?). Deixa assim, uns gostam mais, outros menos, mas tem espaço pra tudo.
bom que gostou, danny
Obrigado, Denise, acho que é realmente bom deixar sair esse medo que a gente tem da falta, de faltar.
Que Deus te leia, Janaína, e que sejam muitos anos juntos e bem vividos.
risos a trilha sonora arrebenta nessas horas, Zé. Da próxima vez, tente ler com "always look on the bright side of life" do Monty Python pra ver se dá uma melhorada.
Este dia não vai chegar nunca!!!!
Te amamos mais que tudo!!!
Fê e Sophia
vai chegar sim, Fê, mas que até lá sejamos mais e mais felizes.
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