Atirada pela janela, a criança não deve ter se dado conta do que acontecia nem mesmo ao atingir as águas mal-cheirosas do ribeirão. A menina que a viu boiando achou que fosse uma boneca. O jovem que a tirou das águas podres já sabia que era um bebê. Os enfermeiros e médicos que lutaram por sua vida deram-lhe o nome Michele.
Seu pequenino cérebro ficou quase 5 minutos sem oxigênio e as águas fétidas providenciaram a infecção generalizada. Não tinha ainda um dia de vida e não pôde descobrir o que significa um colo de mãe ou um beijo do pai. Talvez não tenha sequer notado a corrente de amor e cuidado que se criou ao seu redor. A mãe achou que ela estava morta ao nascer. Agora está.
Hoje de manhã, Sophia pela primeira vez avisou aos pais que queria fazer xixi e conseguiu usar o piniquinho sem nenhum problema. E eu chorei. Tenho sentido uma vergonha imensa de ser gente.
Direto na têmpora: Plainsong – The Cure
6 comentários:
Termos nossos filhos saudáveis e condições para criá-los é mesmo um milagre pelo qual temos de agradecer a Deus todas as manhãs. Essas pequenas conquistas deles, diante da crueldade do mundo, às vezes nos levam mesmo às lágrimas.
E é o mundo que temos pra eles, Rubéola, só podemos mesmo pedir a Deus e lutar, nada mais.
Maurilo, eu chorei, e minha mãe também. Lindo post. Bj
Obrigado,Lalá.
AS VEZEZ FICO PENSANDO SE REALMENTE COMPENSA COLCOAR ALGUÉM NO MUNDO , NO MEIO DE TANTA CRUELDADE.
Eu tento acreditar que vale, Isa
Postar um comentário