De cima da árvore ainda ouviu a mãe gritar "desce daí, menino", mas não se deteve e esticou os braços para alcançar a manga que era sua missão.
Arrancou a fruta do galho fino e a apertou forte junto ao peito enquanto caía e sentia seu corpo se chocar surdamente contra o chão de terra batida.
Assim que recuperou o ar, sentiu o gosto de sangue na boca. A mãe estava vermelha, com o rosto colado ao seu e gritando algo que ele não escutava.
Tentou mexer os braços. Nada.
Viu a manga rolar lentamente pelo pó do terreiro e, com o canto dos olhos, percebeu as mãos finas e escuras que a recolhiam.
A menina de boca imensa e maçãs do rosto saltadas tirou um pedaço da casca e mordeu com volúpia, deixando escorrer o caldo amarelo por seu pescoço. Com um sorriso curto, acenou para o corpo imóvel do garoto e saiu do seu campo de visão enquanto pulava o muro de volta para casa.
- Pai, trouxe a manga. Tá uma delícia.
Direto na têmpora: Happy, happy, joy, joy - Ren & Stimpy
9 comentários:
Viadinha, ela.
Deve ser irmã do João Ganhão...
hahahah tem que fazer a genealogia, PC.
Li esse texto e vi toda cena em câmera lenta... Fantástico! =D
Em câmera lenta o tombo dói mais, Rute? rsrsrs
Verdade, tadinho. rs
Cruel que nem o Gargamel.
Muito bom texto.
Gracias, Edu.
Embora muito bem escrito, estou com uma lágrima no canto do meu olho que insiste em cair. A culpa é sua! :P
Foi mal aí, Sakana-san, ;-)
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