Estava em uma cidade do interior fazendo campanha para um candidato à prefeitura quando recebemos o telefonema. Um câmera da nossa equipe tinha flagrado distribuição de gasolina para a população por parte do nosso adversário e havia sido ameaçado por militantes, tendo que se afastar.
O rapaz pedia orientações e aguardava em um local seguro, a alguma distância do posto de gasolina.
Um figurão da política de Minas Gerais, inclusive com atuação em Brasília por muito anos então sentenciou:
- Manda ele ir.
Eu contra-argumentei que o rapaz poderia se machucar ou até coisa pior e tive que ouvir o absurdo.
- Melhor. A gente deixa ele apanhar um pouco e depois manda a polícia pra tirar ele. Aí fica tudo gravado.
Nessa hora eu chamei nosso candidato a prefeito de lado e argumentei.
- Olha, ganhando ou perdendo, essa eleição passa e você continua vivendo aqui com sua mulher, com seus filhos, com seu estabelecimento. O rapaz tem família, não vale a pena essa sujeira pra ser eleito.
Resolveu-se que seria feita uma denúncia à justiça eleitoral, enviada a polícia ao local e uma equipe de segurança para proteger o câmera que continuaria a uma distância segura.
A denúncia não deu em nada, mas nosso "prefeito" foi eleito e, espero, manteve a consciência limpa.
Ontem houve confronto em uma caminhada de Serra no Rio de Janeiro. Houve tumulto, confusão e a notícia que recebi foi de que Serra havia sido agredido.
Não voto em Serra (ou em Dilma), mas achei um absurdo, um ato de desrespeito à democracia e que mostra a falta de preparo do brasileiro para o debate e uma tremenda incapacidade de conviver com a discordância.
No entanto, hoje o meu amigo Zé Álvaro me mostrou um vídeo do SBT sobre a confusão. A postura dos partidários de Dilma foi deplorável, mas não menos feio foi o que Serra fez.
O filme mostra o que parece ser uma bolinha de papel atingindo Serra e o candidato seguindo em frente normalmente, sem nenhum problema. 20 minutos depois, ele recebe uma ligação e começa a sofrer instantaneamente de fortes dores, náusea e tonteiras.
O PSDB divulgou nota dizendo que Serra foi atingido por um objeto pesado, o que contraria o vídeo e o médico não constatou nenhum ferimento local, mas ainda assim concede que as náuseas podem ter sido causadas pelo impacto.
É vale-tudo em dose dupla.
Vale-tudo de quem acha legítimo o confronto físico, a intimidação e a tentativa de agredir Serra, não apenas, mas inclusive com uma bolinha de papel.
Vale-tudo de quem acha legítimo mentir e simular uma situação apenas para desmoralizar a "turma da Dilma", sem perceber que algumas vezes esse tipo de impostura prejudica mais o impostor do que quem quer que seja.
Para mim, mais um argumento em favor da minha decisão de anular meu voto.
O vídeo do acontecido. Prato cheio pra quem gosta de sentir vergonha alheia.
Direto na têmpora: Things - Split Enz
12 comentários:
Boa Maurilão. A intolerância com o partido alheio é a mesma do futebol, por exemplo. Foi um pedaço de papel que atingiu o senhor burns, mas poderia ser uma pedra. O fingimento dele acho que foi uma tática pra sair da confusão. Goste do Vampiro brasileiro ou do baby da família dinossauros, não precisa cair na porrada.
É um absurdo atirar qualquer coisa contra quem se oponha a você, Lucas. Lembra do Roger com a mexerica? Pois é.
Mas o Serra demorou 20 minutos pra demonstrar dor e foi fazer tomografia? Não é tática pra sair da confusão, é má fé.
E concordo com você, não precisa cair na porrada.
tô perdendo metade da graça com esta história.
Por isto adorei sua definição de democracia, dia destes.
verdade, PC. O cara quer votar nbo Serra, deixa. O cara quer votar na Dilma, deixa. O cara quer votar nulo, deixa. Será que esses caras acham que o direito à opinião tá virando ofensa?
olha mãe, tô famoso, apareci no pastelzinho!
olha o zé aí.
O MotoSerra tinha que fazer um workshop com jogadores de futebol, eles são muito bons nisso.
A única coisa que não me sai da cabeça, principalmente nesse segundo turno é: se eles tem propostas boas para mudar o Brasil para melhor, porque todas as aparições deles são dirigidas para atacar o outro, não entendo!
É o tipo da história em que ninguém está certo, Anônimo. Expressionante.
Concordo plenamente, Daniella. E se vc compara o pouco que está sendo proposto é tudo tão igual...
Meu voto no segundo turno é Enéas, 56!
Belo voto, estou pensando nele também, Rapha.
Postar um comentário