- Então tá bom, chegando em casa eu te conto a novidade, tá?
- Novidade? Que novidade, Guta?
- É segredo, curioso. Em casa você fica sabendo.
Pronto, bastou aquilo pra bagunçar o dia dele. Cabeça
voando, falava consigo mesmo diante da tela imóvel do computador.
- Segredo? Guta nunca teve segredo pra mim. Bom, coisa ruim
não deve ser pela voz dela. Ou então é bom pra ela e ruim pra mim. E se a
novidade for aquele curso na França que ela sempre sonhou? E se ela estiver
indo embora?
Ficou naquela, entre intrigado e irritado pela tal novidade.
Na volta, o caminho que ele fazia diária e calmamente de bicicleta, agora
parecia a subida da Graciosa. A cabeça não parava. Maldita curiosidade.
O tempo no elevador, outra eternidade. Abriu a porta e se
deparou com ela a sorrir no meio da sala. A mesma Guta, mas agora com cabelos
completamente verdes.
- Cabelo verde, Guta? Sério?
- Não gostou?
- Não sei. Verde? Difícil de acostumar.
- Pois é, resolvi hoje cedo, assim, de surpresa.
- É? Mas cabelo verde? Tem certeza? De onde você tirou essa
ideia?
- Sei lá, assim que eu soube que o juiz havia autorizado a
adoção hoje cedo decidi que queria ser a primeira mãe de cabelo verde da minha
família.
Ele não parava de chorar. Seria pai. E então era verde a
cor da alegria.
Direto na têmpora: Can't get used to losing you - The English Beat
8 comentários:
Genial.
Valeu, Diogo.
Lindo!!!
Obrigado, AL.
Amei! Lindinho.
Tata
Que bom que curtiu, Tata. Beijão!
Vi seu post no FB da Cris Bartis.
Minha pimpolha chegou com cinco anos e meio há 5 anos.
Adorei o texto e divulguei (só depois me caiu de googlar e colocar a fonte, mas já tá lá).
Flávia
Valeu, Flávia. Que bom que gostou. E que bom que a pimpolha chegou ;-)
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