Jackson Drummond Zuim morreu no último sábado, foi cremado ontem e eu só soube hoje. Não pude me despedir do cara que, se não era um amigo próximo, foi fundamental em minha carreira.
Zuim era talentoso, engraçado, generoso e marcou uma época da publicidade em Minas Gerais.
Conheci seus casos antes de conhecê-lo e, mesmo com pouco tempo de contato, recebi dele uma ajuda para mudar de emprego. Quando cheguei na nova agência, passei três meses com salários atrasados, uma estrutura péssima e liguei de novo pra ele e sua voz de baixo profundo.
- Porra, Zuim, esse lugar é uma zona, os caras não pagam, assim não dá.
- Ô, Barão (Barão era como Zuim chamava todo mundo), cê tá insatisfeito?
- Tô, Zuim, aqui é muito ruim.
- Então peraí.
E em menos de dois dias eu estava saindo daquele lugar para um emprego novo e muito melhor onde fiquei mais de dois anos.
Agora, foi-se embora o Zuim. A última vez que o encontrei foi em 2008 e escrevi isso aqui.
Hoje, não tenho a dizer além de um muito obrigado e vai com Deus a um dos grandes redatores que Minas já teve.
Direto na têmpora: One fine day - Cracker
6 comentários:
Meu pai comentou sobre ele num post meu no facebook sobre diretores de arte doidões (logico que não fazendo ofensa ao Zuim, obviamente, mas sim ressaltando a genialidade dele). Eles trabalharam juntos anos atrás. uma pena...
O Zuim era louco nos melhores e nos piores sentidos, Danny.
Zuim foi o redator mais talentoso e genial que já conheci. Muito triste sua perda.
Realmente um grande profissional, Cris.
Tem um anúncio, que ele fez pra P&B, que Chico Bastos bem podia fazer um reprint, em homenagem ao autor. O título é TESTAMENTO.
Alferes de cavalaria, meus pertences são poucos; não peneirei o ouro nos córregos de Vila Rica. Nem descobri diamantes nas lavras do Tejuco. Minha riqueza é diversa e meu legado é de idéias. Que não pagam o quinto, nem se perdem com o tempo. Idéias livres, germinando entre os homens. Idéias que a própria morte não apagará.
À Gonzaga, deixo os campos do exílio, o consolo do verso, a tristeza de Marília.
À CLáudio Manuel da Costa, deixo a cela da prisão, e o fim prematuro, em circunstâncias duvidosas...
À todos os outros, deixo o degredo perpétuo. Longe das montanhas, sem pátria e sem família.
Á Peixoto, deixo Bárbara Heliodora sob forma de lembrança, transfigurada em saudade.
Aos homens do futuro deixo meu corpo dividido.
Uma bandeira vermelha e branca.
Uma frase em latim.
E as idéias, os ventos da liberdade...
Uma vez elogiei este anúncio pra ele, ao vivo, e perguntei se ele tinha o texto em algum lugar.
Ele sentou na máquina, no ato, e vomitou ele pra mim
É, PC, esse texto precisava mesmo ser reveiculado. Uma obra-prima.
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