segunda-feira, julho 11, 2011

Menos um grande

Jackson Drummond Zuim morreu no último sábado, foi cremado ontem e eu só soube hoje. Não pude me despedir do cara que, se não era um amigo próximo, foi fundamental em minha carreira.

Zuim era talentoso, engraçado, generoso e marcou uma época da publicidade em Minas Gerais.

Conheci seus casos antes de conhecê-lo e, mesmo com pouco tempo de contato, recebi dele uma ajuda para mudar de emprego. Quando cheguei na nova agência, passei três meses com salários atrasados, uma estrutura péssima e liguei de novo pra ele e sua voz de baixo profundo.

- Porra, Zuim, esse lugar é uma zona, os caras não pagam, assim não dá.

- Ô, Barão
(Barão era como Zuim chamava todo mundo), cê tá insatisfeito?

- Tô, Zuim, aqui é muito ruim.

- Então peraí.


E em menos de dois dias eu estava saindo daquele lugar para um emprego novo e muito melhor onde fiquei mais de dois anos.

Agora, foi-se embora o Zuim. A última vez que o encontrei foi em 2008 e escrevi isso aqui.

Hoje, não tenho a dizer além de um muito obrigado e vai com Deus a um dos grandes redatores que Minas já teve.




Direto na têmpora: One fine day - Cracker

6 comentários:

Danuza Hauck Falabella (Dan Falabella) disse...

Meu pai comentou sobre ele num post meu no facebook sobre diretores de arte doidões (logico que não fazendo ofensa ao Zuim, obviamente, mas sim ressaltando a genialidade dele). Eles trabalharam juntos anos atrás. uma pena...

redatozim disse...

O Zuim era louco nos melhores e nos piores sentidos, Danny.

Cristiano d'Alcântara disse...

Zuim foi o redator mais talentoso e genial que já conheci. Muito triste sua perda.

redatozim disse...

Realmente um grande profissional, Cris.

PC disse...

Tem um anúncio, que ele fez pra P&B, que Chico Bastos bem podia fazer um reprint, em homenagem ao autor. O título é TESTAMENTO.

Alferes de cavalaria, meus pertences são poucos; não peneirei o ouro nos córregos de Vila Rica. Nem descobri diamantes nas lavras do Tejuco. Minha riqueza é diversa e meu legado é de idéias. Que não pagam o quinto, nem se perdem com o tempo. Idéias livres, germinando entre os homens. Idéias que a própria morte não apagará.

À Gonzaga, deixo os campos do exílio, o consolo do verso, a tristeza de Marília.

À CLáudio Manuel da Costa, deixo a cela da prisão, e o fim prematuro, em circunstâncias duvidosas...

À todos os outros, deixo o degredo perpétuo. Longe das montanhas, sem pátria e sem família.

Á Peixoto, deixo Bárbara Heliodora sob forma de lembrança, transfigurada em saudade.

Aos homens do futuro deixo meu corpo dividido.

Uma bandeira vermelha e branca.

Uma frase em latim.

E as idéias, os ventos da liberdade...


Uma vez elogiei este anúncio pra ele, ao vivo, e perguntei se ele tinha o texto em algum lugar.
Ele sentou na máquina, no ato, e vomitou ele pra mim

redatozim disse...

É, PC, esse texto precisava mesmo ser reveiculado. Uma obra-prima.