Sophia pediu e eu fiz mais uma historinha pra ela. Se alguém aí gostar, fique à vontade para contar em casa ou arranjar editora, beleza?
Lita era uma cabritinha muito boazinha, que vivia em uma fazenda cheia de animais em um lugar muito bonito.
Ela era muito querida por todos, educada, amiga e sempre que podia ia visitar os outros bichos para conversar e se distrair um pouco.
Um dia, quando chegou perto do galpão onde viviam as ovelhas, a Lita teve uma surpresa: lá dentro estava uma ovelhinha tão bonita como ela nunca tinha visto.
Ah, eu me esqueci de contar para vocês que a Lita era também um pouco insegura, sabe. Mesmo com muitos amigos ela não se achava tão bonita e pra ela isso era um problemão. Sabe por quê? Porque ela achava que os outros bichos só iam gostar dela de verdade se ela fosse linda, olha só que bobagem...
Bom, mas o que é bobagem para uns, para outros é muito importante, aí aconteceu que a partir daquele dia a Lita não teve mais sossego. Ela vivia achando que os amigos dela iam gostar mais da ovelhinha nova, que ela ia acabar ficando sozinha e um monte de outras coisas ruins. Aí ela tomou uma decisão! Ela tinha que fazer alguma coisa, porque daquele jeito não podia ficar.
Lita foi para casa e começou a executar seu plano. Passou um dia inteirinho trancada no estábulo, se preparando toda e deixou todo mundo curioso.
Quando Lita saiu, parecia outra pessoa. Ela tinha colado as orelhas com fita adesiva pra elas ficarem mais curtas, tinha enchido o corpo de algodão bem branquinho, tinha escondido seus chifrinhos com um pano branco, tinha enchido as bochechas de alfafa para elas ficarem mais gordinhas e tinha até colocado uma lente de contato para mudar a cor dos olhos.
Os outros animais quando viram aquilo, caíram na gargalhada. “Que coisa mais esquisita!” gritavam eles. “É uma cabra com jeito de ovelha... uma cabrelha!” falou alguém. E a pobre da Lita, morrendo de vergonha, saiu correndo dali.
Ela se escondeu atrás de uma árvore bem grande e ficou chorando baixinho, bem quietinha pra ninguém ouvir. De repente, ela ouviu uns passos cuidadosos e o rosto de uma ovelha apareceu entre as folhagens. Era Sophia, a ovelhinha que a Lita quis imitar!
- Oi, Lita, está tudo bem com você? O que foi que aconteceu? – disse Sophia com carinho.
- Nada... me deixe sozinha...
- Olha, eu sei que a gente não se conhece direito, mas pode se abrir comigo. Eu estou aqui pra te ajudar.
Lita ficou calada, sentindo uma coisa que ela não sabia direito o que era. Será que a culpa daquela bagunça era da Sophia? Será que ela realmente queria ajudar ou só tinha ido ali para rir dela?
Sophia então, meio sem jeito disse:
- Posso te contar um segredo? Eu quase fiz a mesma coisa que você.
A Lita tomou um susto.
- O Quê? Como assim?
- É... eu sempre achei você linda, sabe? Você é magrinha, tem esse pelo curtinho, esses chifrinhos moderníssimos, esses olhos diferentes, essas orelhas longas e charmosas... sempre que eu te via, ficava achando que nunca ia me enturmar na fazenda porque todos sempre iam gostar mais de você.
A Lita não podia acreditar no que estava ouvindo, mas a Sophia continuou.
- Um dia, eu guardei duas cenouras do lanche, joguei no barro branco atrás do moinho, deixei só a pontinha e coloquei bem em cima da minha cabeça. Meu pai viu aquilo e veio falar comigo. Quando eu contei que queria ser igual a você, ele me explicou que todo mundo é diferente. As vacas são lindas porque são grandes e gordas, com aqueles olhos redondos. Os cavalos são maravilhosos por causa do seu pelo brilhante e do seu porte elegante. Cada um bonito do seu jeito.
A Lita baixou a cabeça e ficou pensando um pouquinho. Não é que a Sophia tinha razão? Até a Pururuca, uma leitoazinha nova, era linda com aquele focinho achatado e a pele bem rosinha. E mesmo que não fosse bonita, ninguém gostava mais ou menos dela por causa disso.
A Lita então começou a perceber que tinha feito uma grande bobagem. Foi andando até o riachinho e tirou aquela fantasia toda.
Depois daquele dia, Lita e Sophia ficaram inseparáveis. É claro que uma continuava achando a outra a coisa mais linda do mundo, mas isso agora nem importava. O que importava mesmo, é que cada uma tinha a sua beleza, o seu jeito, os seus gostos e que era também por serem diferentes, que elas eram amigas de verdade.
Direto na têmpora: Gila - Beach House
2 comentários:
privilegio poder tem um pai que pode escrever lindas histórias pra filha!
ela tá ficando mal acostumada, danny rsrsrs
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