segunda-feira, abril 27, 2009

Eu e o cocô de plástico

A Dinha, minha tia avó paterna, tinha um cocô de plástico. Quando eu era criança e meu pai foi para o Japão a trabalho, lá pelos idos de 74, o cocô de plástico era a sensação da chácara do meu avô em Arrozal-RJ.

Na verdade, passei uns bons 3 meses sem ver meu pai e fiquei no Arrozal por cerca de um mês (quando minha mãe viajou pra encontrar meu pai lá fora). Me perdi no meio da boiada, comia batatinha frita na bacia sentado na varanda, perguntava para os passantes na rua de terra se eles já tinham tomado banho e se queriam ser meu pai.

Ia brincar no córrego e alguém sempre tinha que me tirar de lá por causa de alguma cobra por perto. Tinha o Duque, o pastor alemão, que nem se importava que eu colocasse a mão dentro da boca dele e dizem que me referia a mim mesmo na terceira pessoa (um sinal inequívoco de que me tornar insuportável era questão apenas de tempo): "ele quer mais balinha, vovô."

Tinha 3 anos, então me lembro muito mais de sensações do que de qualquer coisa mais clara. E digo pra vocês uma coisa, o cocô de plástico da Dinha foi a única lembrança aterrorizante daquela época. Não sei se eu demonstrava, mas ainda hoje quando eu lembro do "troço", me dá uma sensação de horror. Não havia nada pior do que levantar e dar de cara com aquela coisa na sua cama.

Hoje, tudo isso passou e cocôs de plástico já não mais me amedrontam. Mas até bem pouco tempo atrás, sempre tinha o medo secreto de que, ao visitar a Dinha, ela fosse sacar o tolete debaixo da cama e me causar um enfarte fulminante. Entendeu o que é trauma?




Direto na têmpora: Before I sleep - Mazzy Star

8 comentários:

ndms disse...

Pelo que soube, ja existe esse cocô de plástico com o cheiro característico. Veja só!
Cotão, bons tempos aqueles, não?

redatozim disse...

Os tempos eram bons, mas eu tinha medo do cocô de plástico mesmo, ndms.

danny falabella disse...

trauma maior seria se o plástico tivesse odor característico de um tolete original..aí sim...hehehe

redatozim disse...

aí seria o top nojo, danny

emmibi disse...

hahaahahahaahhahaahahaha
que figura vc era hein?
ou é ainda...=p
eu já usei o côco de plástico pra abusar clientes de uma barraca de praia...imagina, ele na areia da praia!
écaaaaa
saudades de passar por aqui!

redatozim disse...

Ainda bem que o cara da praia não era eu, emmibi. Mudando de assunto, se você tá com saudades, apareça mais, oras.

Rubens disse...

Cara, esse cocô de plástico era mesmo uma sensação na década de 70. Há pouco tempo, numa no calçadão da praia em João Pessoa, tinha uma barraca com cocô de plástico e todas aquelas brincadeiras de sacanagem da época, tipo caneta que dá choque, chicletes com anilina, etc. Foi uma verdadeira viagem no tempo, my friend.

redatozim disse...

Caraya, Rubinho, será que no Maletta ainda tem esses lances?