Eu tive uma professora chamada Dona Íris que era uma figura mítica. Uma negra mais velha e extremamente sarcástica, Dona Íris era professora de Geografia e adepta de uma pedagogia, digamos, pouco ortodoxa para o Colégio São Francisco naqueles primórdios dos anos 80.
Havia na sala um amigo nosso, filho de pessoas bastante importante na cidade que, além de ser um capeta, tinha um tique nervoso altíssimo que incomodava todos os professores. Não sei se por medo do sobrenome do rapaz ou por respeito ao problema do tique, ninguém abordava a questão.
Pois já na primeira aula, depois do terceiro ou quarto ruído gutural, a mestra perguntou:
“Que barulho é esse que você fica fazendo, menino?”
“É tique, fessora.”
“Ah, é? Então vem aqui pra frente e lê esse capítulo aqui em voz alta pra nós.”
A partir daí, quem lia os temas da aula era o garoto, enquanto Dona Íris comentava e explicava pra turma. Se percebia um novo tique chegando, mandava ler outro trecho e pronto, passava a vontade.
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Um outro amigo, sempre em apuros com as notas na matéria, um dia saiu da sala descuidado e bradando para os colegas “cadê a macaca?”, só para dar de cara com ela que, tocando amistosamente o ombro do infeliz, respondeu “a macaca tá aqui”. Não deu outra, tomou recuperação.
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Eu mesmo, em uma das primeiras aulas, tentei capitalizar sobre o fato de meu pai ter sido professor e contemporâneo dela para tentar ganhar simpatia.
“Dona Íris, eu sou filho do Nilo, professor de Física.”
“Ah, é? Olha, pro seu pai eu tiro o chapéu, viu?”
Enquanto eu me enchia de orgulho, ela emendava:
“Mas pra você eu enfio até o pescoço.”
Nestes tempos bicudos, fico imaginando, que fim terá levado Dona Íris?
Direto na têmpora: The same old scene – Bryan Ferry & The Roxy Music
16 comentários:
Gostei muito da homenagem à " fessora Dona Íris ". Era uma mulher de valor e muito dedicada ao ensino. Falando nisso: Você foi aluno do professor João ( Joãzinho)?
Meus parabéns redatozim, por isso
ndms, se for o João Damasceno, aquele maluco, fui aluno sim.
Engraçado, mas deve ser característica da matéria, pois tive um professor de geografia (o Gilberto) que era excelente.
Eu me lembro que ele andava com uma varinha de bambú. Com ela apontava os mapas, etc.
Um dia, o Carlinhos (dos grandes moleques da turma) encaminhou-se para ele, rebolativo, e disse: "professoooor, me dá sua vaaaara?!".
E ele, provavelmente, levou no bom humor, não é verdade, Don Oliva? Bons professores costumam ser assim.
Sim, João Damasceno ! Era bom professor ?
eu com uns seis anos tive uma professora de pré-primário chamada "tia linda", solteirona, que desde aquela época era um bagulhão.
surpresa foi quando ela casou.
eu achava, já naquela época, muito esquisito uma pessoa tão feia com o nome de "linda".
ahhh que saudades dos tempos de escola....pronto. passou.
Ele dava aula de artes, Educação Moral e Cívica, coisas assim, ndms. Nem é questão de ser bom ou ruim, era simplesmente louco.
Alexandre, eu compreendo o estranhamento, mas o nome dela era provavelmente Aristalinda ou algo do gênero. Aliás, no Sesiminas eu trabalhei com Lina (Orestalina), Nina (Saturnina) e Ruby (Ambrosina), é mole?
Eu sinto falta mesmo é da impunidade, Danny, isso sim dá saudades.
Claro que o Gilberto levou com bom humor. Arrastou o Carlinhos (pela orelha) até o fundo da sala e entregou a vara ao "moleque" dizendo-lhe para ficar ali até o fim da aula cuidando dela (a vara)direitinho.
Detalhe: não deu parte à diretoria nem ao 'inspetor' (terrores da época).
Pois é, Don Oliva, das varas, a menor.
Falando em nomes, quando você nasceu, eu e colegas de trabalho fomos comemorar o fato, num dos bares da região. na época isso era comum. No inicio, todos riam, gozando do nome que esu escolhi para você. Depois, cada um confessou, que em cada familia havia alguns nomes verdadeiramente exquisito e engraçado. No entanto, quando chegou na vez do meu amigo José Estaquio e, ele ja havia pensado bastante no seu caso, disse que felizmente na sua familia não havia ninguem com nome diferente: Antonio, Jose, João, Pedro, etc..Mas, que na familia da sua mulher sim, havia nomes extranhos, como no caso dos pais da sua esposa: Celeste e Giordano. A turma não achou nenhuma graça, confirmando que eram nomes normais. mas aí ele explicou: Celeste era o nome do sogro e Giordano, da sogra. A turma quase veio abaixo de tanto rir
Ndms, é como o caso dos pais da minha amiga
Maristela: "Seu" Stael e "Dona" Itamar.
Redatozim, dona Íris, hoje, vive pacatamente em Ipatinga.
Fico feliz com a notícia, Amilar. Valeu.
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